FRASE DA SEMANA

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

OPINIÃO




Saúde Pública

Criticam os médicos brasileiros, mas os médicos brasileiros são mesmo dignos de grandes elogios, em especial os que militam na área da saúde pública e mais especialmente os que se aventuram a prestar seus serviços no interior deste Brasilzão.
Estes médicos, para honrarem seu juramento, têm muitas vezes que comprar - com seu abastado salário - os medicamentos necessários para salvar vidas dos que não têm sequer grana para comprar alimentos. Fazem isto, pois nos hospitais em que trabalham quiçá tivesse ao menos leitos, mesmo que fossem em “puxadinhos” improvisados. Não é difícil flagrar mães e filhos tendo que se acomodarem numa mesma maca em locais apelidados de maternidades, quando, nos casos mais graves, são largados no chão apenas forrados com lençóis.
Medicamentos? Seria uma glória se o povo brasileiro pudesse contar na certa com, pelo menos, os remédios de caráter emergencial, um AAS ao menos.
Alimentação para os pacientes internos só se os familiares levarem de casa ou se os funcionários dividirem as suas próprias “marmitexes” com eles. Quando existe a “merenda” oficial é de péssima qualidade e quantidade (biscoitinhos com refresco e olhe lá).
Conseguir realizar exames em tempo hábil para que o médico possa diagnosticar o paciente antes de vir a falecer é o mesmo que ganhar na Mega-Sena  acumulada.
Material descartável, como luvas, ataduras, entre outros, estão sendo reciclados em hospitais e postos de saúde para não ficarem sem eles, fato inadmissível nos dias atuais.
Existem ainda relatos de médicos que tiveram que escolher direta ou indiretamente quem deveria viver... e morrer.
Esses médicos brasileiros são dignos de grandes elogios, pois além de passarem por todos esses apertos ainda são mimoseados com os desaforos e ameaças de pacientes e familiares justamente revoltados com tanto descaso.
Esses médicos brasileiros são dignos de grandes elogios, pois mesmo dando o melhor de si não conseguem salvar vidas pela falta de centros cirúrgicos, de UTIs, nem ambulâncias pra transferir, e se as tem não encontram vagas em outro hospital.
O Brasil não precisa importar médicos. O Brasil precisa de seriedade e honestidade no trato da coisa pública. E se houvesse um político honrado e comprometido com o Brasil ao menos proporia que todos os ocupantes de cargos no serviço público e todos os políticos fossem obrigados a usar a rede pública de saúde e não hospitais como o Sírio-Libanês em suas enfermidades.

Paulo Placido

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