Saúde Pública
Criticam os médicos
brasileiros, mas os médicos brasileiros são mesmo dignos de grandes elogios, em
especial os que militam na área da saúde pública e mais especialmente os que se
aventuram a prestar seus serviços no interior deste Brasilzão.
Estes médicos, para honrarem
seu juramento, têm muitas vezes que comprar - com seu abastado salário - os
medicamentos necessários para salvar vidas dos que não têm sequer grana para
comprar alimentos. Fazem isto, pois nos hospitais em que trabalham quiçá
tivesse ao menos leitos, mesmo que fossem em “puxadinhos” improvisados. Não é
difícil flagrar mães e filhos tendo que se acomodarem numa mesma maca em locais
apelidados de maternidades, quando, nos casos mais graves, são largados no chão
apenas forrados com lençóis.
Medicamentos? Seria uma glória
se o povo brasileiro pudesse contar na certa com, pelo menos, os remédios de caráter
emergencial, um AAS ao menos.
Alimentação para os pacientes
internos só se os familiares levarem de casa ou se os funcionários dividirem as
suas próprias “marmitexes” com eles. Quando existe a “merenda” oficial é de
péssima qualidade e quantidade (biscoitinhos com refresco e olhe lá).
Conseguir realizar exames em tempo
hábil para que o médico possa diagnosticar o paciente antes de vir a falecer é
o mesmo que ganhar na Mega-Sena acumulada.
Material descartável, como
luvas, ataduras, entre outros, estão sendo reciclados em hospitais e postos de
saúde para não ficarem sem eles, fato inadmissível nos dias atuais.
Existem ainda relatos de
médicos que tiveram que escolher direta ou indiretamente quem deveria viver... e
morrer.
Esses médicos brasileiros são
dignos de grandes elogios, pois além de passarem por todos esses apertos ainda
são mimoseados com os desaforos e ameaças de pacientes e familiares justamente revoltados
com tanto descaso.
Esses médicos brasileiros são
dignos de grandes elogios, pois mesmo dando o melhor de si não conseguem salvar
vidas pela falta de centros cirúrgicos, de UTIs, nem ambulâncias pra
transferir, e se as tem não encontram vagas em outro hospital.
O Brasil não precisa importar
médicos. O Brasil precisa de seriedade e honestidade no trato da coisa pública.
E se houvesse um político honrado e comprometido com o Brasil ao menos proporia
que todos os ocupantes de cargos no serviço público e todos os políticos fossem
obrigados a usar a rede pública de saúde e não hospitais como o Sírio-Libanês
em suas enfermidades.
Paulo Placido
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