Desabafo de pai
Mais um dia
dos pais. Hoje um dia dos pais diferente, pois vendo a homenagem que fizeram a
um apresentador de TV, fiquei emocionado e comecei a fazer uma reflexão sobre
minha vida. Vida de filho único e de pai de cinco filhos dos quais só conheço e
convivo com quatro.
Muitos dos
que me conhecem devem ficar surpresos com a afirmativa que tenho cinco filhos,
ou tive cinco filhos. Posso até dizer que para mim é estranho perceber que
disse isto. Hoje, no entanto, relembrei
um fato e tocado pela emoção do dia, que sei bastante comercial e pouco
sentimental, resolvi deixa-lo público.
Há muito
tempo, mais precisamente há quarenta e sete anos atrás, fruto de um romance de
adolescente, veio ao mundo uma filha. Filha que não conheci e até hoje não
tenho sequer de longe a menor noção de sua existência. Sua mãe, por motivos que
não encontro justificativo, resolveu fugir de Maceió e rumar para o Brasil
central onde complementou a gestação e deu a luz à criança. Apenas, depois do
fato consumado fui comunicado, tendo como consolo a notícia que teria alguém
que a registrara e a cuidara como filha. Daí por diante o silêncio absoluto.
O mais
estranho é que depois de tanto tempo o fato reviveu em mim, possivelmente pelo
sentimento de ser pai, que neste caso deixei de ser. E quanto aos demais? Hoje,
com os demais quatro filhos que permeiam a minha vida, mantenho uma convivência,
considerada razoável, afetiva e amistosa.
A triste realidade,
porém é o registro de que apenas o mais novo que tem apenas dez anos de idade,
no dia de hoje, o tal dia dedicado aos pais, esteve comigo e me demonstrou algum
sentimento pela passagem da data. Normalmente esta ausência em mim passaria despercebida,
caso não tivesse assistido o programa da TV que aflorou em mim um sentimento
incomum e normalmente não tão intenso, até latente diria. Este dia, como tantos
outros, não passam de corriqueiros, comuns, apenas com forte apelo da mídia.
É possível
que não tenha sido o pai que meus filhos gostariam que eu fosse. Nunca fui o
pai presente, meloso, participativo, mas tenho a convicção que sempre senti
amor por todos. Um amor a minha maneira de demonstrar, sem grandes ostentações.
A aparente frieza que me é peculiar, por não ter muito jeito de demonstrar os
meus sentimentos, afeta mais a mim próprio que possivelmente aos que me
rodeiam. E, nessa oportunidade em que me propus abrir meu coração e revelar
fatos recônditos como se fora um dos mais guardados segredos, digo a todos os
meus filhos – eu os amo muito.
Paulo Placido
Nenhum comentário:
Postar um comentário