FRASE DA SEMANA

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

domingo, 7 de abril de 2013

OPINIÃO



Transparência

A pregação da necessidade (exigência) da administração transparente, em especial no serviço público, é hoje modismo - dá “IBOPE”. Como o serviço é público, nada mais que justo que seus atos sejam transparentes e acessíveis a todos. Até porque é sabido os que quem ocupam cargos públicos são no duro mais empregados que patrões. Estes apenas gerenciam a vultosa soma, para nós escassa e usurpada em forma de impostos. Afinal se o dinheiro usado é  nosso nada mais que justo que nos sejam prestados esclarecimentos de seu uso.
O problema é que no nosso país tupiniquim sempre existem um peso e inúmeras medidas – ou seria o contrário? Na realidade a transparência nos parece ser exigida apenas para os reles mortais, mas não cabe aos poderosos. Não cabe ou é exigida principalmente aos que detém os destinos da nação e de seu povo – os políticos, administradores e julgadores.  Mas sim aos comuns habitantes que têm suas contas, seus negócios e sua vida cada vez mais vasculhada pelo serviço público. Eu mesmo tive há pouco tempo até meus e-mails devassados, esmiuçados e, sabe-se lá, divulgados. Privacidade para o homem comum é uma exceção. É obvio que o cidadão comum deve responsabilidade pelo que faz, pelo que escreve e diz, especialmente se atinge outra(s) pessoa(s).
Além dos poderosos conseguirem burlar as leis, muitas vezes criadas repletas de entrelinhas para exatamente possibilitar brechas, ainda estão, na maioria dos casos, sob o manto protecionista dos magistrados que encobrem seus processos sob a égide do segredo de justiça. Aí ninguém sabe do que se trata e a quanta anda o procedimento investigatório judicial a que eventualmente são submetidos os sortudos aquinhoados com as benesses das leis.

Infelizmente como no Brasil vigora essa "mentalidade" protecionista que beneficia principalmente os grandes e poderosos suspeitos, muitas injustiças acontecem por "soluções" (leis) imbecis que ao invés de agilizar a defesa da parte lesada, geram mais e mais distorções. E se a sociedade tivesse realmente direito ao acesso à informação, a decantada transparência, poderia cobrar mais eficazmente o cumprimento da lei e a agilização na apuração e julgamento justo dos fatos (obscuros). Infelizmente o que percebemos é o direito de poucos à privacidade, à proteção da sua dita honra, da boa fama e imagem. Seria a evidência da predominância dos fins comerciais até no judiciário?

Paulo Placido

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