FRASE DA SEMANA

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

quinta-feira, 14 de junho de 2012

RELEXÕES


Desinformação

Em época onde as virtudes são criticadas e os desvios éticos enaltecidos, os padrões de conduta honrada praticamente sucumbem em um mar enlameado. Com a generalização de comportamentos isentos de caráter íntegro, os fracos ou desinformados se deixam levar pelo caminho fácil da inconsistência moral e passam a ter dúvidas do que seja errado ou certo. Se deixando levar pelos ganhos fáceis obtidos pelos desonestos e incentivados pela certeza da impunidade, os iniciantes engrossam as fileiras da corrupção brasileira.
Na vida pública, o combate a esses desvirtuamentos de conduta, prática ultimamente sempre presente na grande maioria dos administradores públicos, vem encontrando um forte aliado - a transparência. Afinal ser transparente, deixar que a população tome ciência dos atos e decisões no serviço público, é nada mais nada menos que uma obrigação, uma prática inerente ao setor. Ou este não é público?
Não se enganem, contudo, que nesse meio não existam inocentes. Há um sentimento inscrito em cada ser humano do que seja certo e do que é errado. Esquecê-lo significa admitir conscientemente em chafurdar juntamente com essa horda dos desonestos que se fartam na mesma lama e se vangloriam de sua desonestidade cinicamente. E para que possam se deleitar com a tranquilidade que caberia aos justos buscam ofuscar a tão necessária transparência.
Hoje além do uso da propinada, forma mais arraigada na atualidade e reinante no meio político para fazer calar os meios de comunicação venais, surge triunfante o segredo de justiça. Essa famigerada ferramenta jurídica, sem réstia de dúvidas, deixa nas entrelinhas das estapafúrdias justificações usadas para validá-la, fortes conotações de esconder a verdade dos fatos para a população, ou seja, para os eleitores.
Mesmo que sejamos taxados de moralistas (como se ter ou exigir moralidade fosse uma doença contagiosa), tolos, lerdos ou incapazes de se adequar a esta nova realidade brasileira desejada pelos cínicos morais, não entendemos o porquê da necessidade da desinformação, ou o que é pior, submeter informações do que deve ser público a uma censura prévia do gestor público. Afinal se esses defensores desse retrocesso assim o querem é por que devem temer que a verdade venha a tona e frustre suas intenções.
Paulo Placido

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