FRASE DA SEMANA

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Reflexões da semana


Era chegada a hora de mudar. A chance de transformar tudo, de tornar o cotidiano dos viventes mais fácil e com mais dignidade nos enchia de esperanças. Esperanças que a educação fosse priorizada, que a saúde passasse a estar ao alcance de todos e que se pudesse viver com segurança e paz.
Tudo isso estava sendo conjecturado, como em um passe de mágica, a se tornar realidade com a chegada do redentor, do salvador, do jovem que iria materializar as profecias amplamente alardeadas. Os crentes ansiavam pelas primeiras realizações. Mas eis que chegou o primeiro de janeiro de 2009 e o “messias” começou a se despir. As vestes foram caindo, aos poucos e lentamente. À medida que a nudez se revelava a desilusão se estampava na face dos habitantes da terra prometida.
Não sei se a multidão esperava muito, como eu também. Não se a juventude do recém chegado e até então desconhecido nos deixou entorpecidos, mas o fato é que ele não passava de mais um reles mortal. Mortal com um cabedal de defeitos. A delicadeza, a simpatia, a sensibilidade que lhe parecia inerente começou, nem tanto lenta, a dar lugar a uma personalidade egoísta, deselegante, fria e cruel. O semblante em certas ocasiões de sentimentalista, sofredor e vítima passou a ser percebido como o de um excelente artista dramático que assume nova face em função da ocasião. E assim foi ele sendo reconhecido no verdadeiro ser que por algum período se pôs travestido ante os incrédulos viventes que nele depositaram alguma esperança. A nudez por fim revelou no até então “messias”, um caráter visionário, sórdido e aproveitador.
Já era tarde e o que fora trágico passou a ser catastrófico. E o até então demônio agora é visto como anjo salvador. Os papéis se inverteram e os habitantes do sofrido torrão continuaram vivendo na miséria, no sofrimento, e agora também desrespeitados e humilhados.
Mas como a esperança é a última que morre, surge agora novo alento que nesta nova oportunidade acertemos na escolha. Apesar de novas profecias apresentadas sob a égide de enganadores narcóticos revestidos de benefícios para a população, tenho a esperança que agora não nos deixaremos levar pela nova roupagem de salvador da pátria.

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