LOGOMARCA?
Recentemente
passei a ouvir, e até testemunhar em trabalhos de alunos de Design, a contestação
da existência da palavra logomarca. Fiquei
perplexo, pois ao longo de minha vida profissional de arquiteto, artista
plástico e professor dos cursos de arquitetura, jornalismo e, recentemente também
de design, convivi com o termo como se verdadeiro fosse.
São citações como “logomarca é coisa de publicitário”, “logomarca não existe”, LOGOMARCA
é um termo equivocado. Algumas das citações fazem referências até pejorativas,
menosprezando os que a usam.
Como não
é de minha índole discutir qualquer assunto sem embasamento, me empenhei na busca
da etimologia da palavra e fui buscar respostas dos mais renomados
etimologistas do país. A minha real preocupação é saber o seu significado para
não ser obrigado a ouvir afirmativas errôneas e ter que aceitá-las por não ter
argumentos para uma contestação.
Daí, verificando
que o termo é composto de duas palavras (logo- + marca), passei a
estudá-los separadamente tendo concluído o seguinte:
Logos, vem do
grego (λόγος), significando inicialmente a palavra escrita ou falada - o Verbo.
Tornou-se com o tempo a ter um significado mais amplo e sendo traduzido como razão
(Heráclito). Na teologia cristã o conceito filosófico de Logos viria a ser adaptado no Evangelho
de João, se referindo a Jesus Cristo como o Logos, ou seja, a Palavra como
o "Motivo" de todas as coisas, sendo a causa que explica o anseio
existencial humano - a razão. “No princípio era o Verbo...”, princípio supremo
que rege o universo. Para a filosofia estoica (doutrina filosófica fundada por
Zenão no séc. III a.C.), Logos era o princípio que anima e organiza a
matéria, agindo como força determinante do destino e da racionalidade humana.
Segundo Platão, significa o princípio de ordem.
Marca, por sua vez, vem do suevo
(povo germânico que se fixou na Suábia) e é o sinal que se faz num objeto para
reconhecê-lo. Também adotada como categoria, qualidade, espécie, tipo.
Finalmente o termo Logomarca (logo- + marca) pode ser considerado como um conjunto formado por letras e/ou imagens
(palavras), aliado a um design que identifica, representa ou simboliza uma atividade ou produto.
No
entanto, segundo o livro com os termos e verbetes utilizados em design gráfico
lançado pela ADG Brasil - Associação dos Designers Gráficos do Brasil, a
palavra "logomarca" estaria errada por se tratar de
redundância.
Não
consegui encontrar em nenhum dos estudos etimológicos a tradução de logo
que possa vir a redundar com a de marca. Portanto, me parece que esta
é mais uma discussão sem sentido. Uma altercação que aparenta denotar mais a
necessidade de afirmação da recente profissão, que apenas surgiu no Brasil com o
curso superior da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) no Rio de
Janeiro, em 1963, querendo adotar a palavra como terminologia
oficial no design, que uma finalidade esclarecedora.
Sob
minha ótica, o que importa mesmo é que, se o termo é popularmente conhecido e
amplamente aceito por profissionais e leigos que permeiam o campo do design e, se
tem embasamento científico, por que discriminá-los até com desdém?
Paulo
Alencar
Fontes de pesquisa:
http://www.sebastiany.blog.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Logos
http://www.priberam.pt/DLPO/logos
Dicionário Aurélio
Aulete Digital
Enciclopédia Delta
Dicionário Houaiss
A agudeza nas palavras às vezes denota a probreza do espírito.
ResponderExcluirA redundância significado+significado foi algo discutido no passado do design e, atualmente, consiste em algo consolidado para seus profissionais.
Discutir sobre o sexo dos anjos, mais ainda sobre tema alheio a sua formação, é no mínimo desnecessário.
Acredito que o emérito professor deveria gastar seu tempo de pesquisa e escrita buscando mitigar a miséria dos necessitados de seu Estado, ao invés de se ocupar com a expressão reflexiva de um punhado de estudantes de graduação.
Erasto
http://www.melhorweb.com.br/artigo/73-Logomarca-ou-Logotipo--.htm
Realmente! No momento não estou aluno de Design na UFAL, mas estou no dia-a-dia. Concordo com o exposto aqui pelo senhor, professor! Sempre ouvi essas "picuinhas" se assim posso dizer, sobre a palavra. E não é porque estudo design que vou concordar com tudo que escuto. Acho sim que pode ser fruto dessa luta pela afirmação sim e por isso nem quero explanar mais o que eu acho. Afinal, como falastes no início do blog, devemos respeitar a visão de cada um né? Mas quero apenas falar uma última coisa: quem é que estuda surgimento, formação de palavras? Acho que no mínimo devemos fazer essa pesquisa que fizeste e deixar de discriminação. Se quisermos retirar a palavra por convenção, tudo bem. Mas que ela em si não traz mudança alguma no profissão, isso acho. Só acho.
ResponderExcluirConcordo com os argumentos, prof. Paulo!
ResponderExcluirProf. Alexandre Márcio Toledo