FRASE DA SEMANA

"O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis".

(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 22 de março de 2013

OPINIÃO



A vontade política, ou a falta dela

Ao nos debruçarmos nos relatos das catástrofes ao longo da história de nosso país temos a sensação que as recentes são reprises, que não valem a pena ver de novo. Ora as enchentes, os deslizamentos, ora a seca no nordeste. Tem ainda a poluição das cidades e indústrias que devasta a fauna aquática em nossos rios e lagoas ou mesmo as queimadas que provocam o desequilíbrio ecológico de vastíssimas áreas de matas. Tantas catástrofes que acabamos nos acostumando a elas.
Soluções para evita-las ou minorar suas consequências existem. Soluções técnicas com grande fartura, desde as mais viáveis às mirabolantes, quase inexequíveis. Tecnologia e criatividade não faltam no Brasil. O grande entrave reside básica e unicamente na falta de vontade política de fazê-las acontecer. Este sim é o grande problema. Agregada a ele se estabelece ainda a avalanche de recursos desviados, usurpados de seus nobres destinos e causando danos bem maiores que todas as demais calamidades registradas nos últimos tempos. Recursos que, mesmo sem a devida aplicação para evitar as incontáveis vítimas fatais das tragédias, certamente evitariam um número bem maior de óbitos se devidamente utilizados na educação, na segurança e principalmente na saúde pública.
Culpados existem, mas talvez não sejam os políticos os maiores. Eles, os políticos, são o aborto mal estruturado de uma gestação promovida por alienados políticos obrigados a darem uma procuração aos corruptos que decidem o futuro de nossos patrícios. Essa alienação me parece ser a maior responsável pelos desmandos desse país. Ou seria o processo de escolha e definição da classe política?
Tenho consciência apenas que se não houver radicais mudanças estruturantes e maior participação direta da população nas decisões dos destinos de seus componentes, estaremos num caminho com um final que não se prenuncia resultados muitos promissores.

Paulo Placido

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