A vontade política, ou a falta dela
Ao nos debruçarmos nos relatos das
catástrofes ao longo da história de nosso país temos a sensação que as recentes
são reprises, que não valem a pena ver de novo. Ora as enchentes, os
deslizamentos, ora a seca no nordeste. Tem ainda a poluição das cidades e
indústrias que devasta a fauna aquática em nossos rios e lagoas ou mesmo as
queimadas que provocam o desequilíbrio ecológico de vastíssimas áreas de matas.
Tantas catástrofes que acabamos nos acostumando a elas.
Soluções para evita-las ou minorar suas consequências
existem. Soluções técnicas com grande fartura, desde as mais viáveis às mirabolantes,
quase inexequíveis. Tecnologia e criatividade não faltam no Brasil. O grande
entrave reside básica e unicamente na falta de vontade política de fazê-las
acontecer. Este sim é o grande problema. Agregada a ele se estabelece ainda a
avalanche de recursos desviados, usurpados de seus nobres destinos e causando danos
bem maiores que todas as demais calamidades registradas nos últimos tempos.
Recursos que, mesmo sem a devida aplicação para evitar as incontáveis vítimas
fatais das tragédias, certamente evitariam um número bem maior de óbitos se
devidamente utilizados na educação, na segurança e principalmente na saúde
pública.
Culpados existem, mas talvez não sejam os
políticos os maiores. Eles, os políticos, são o aborto mal estruturado de uma
gestação promovida por alienados políticos obrigados a darem uma procuração aos
corruptos que decidem o futuro de nossos patrícios. Essa alienação me parece
ser a maior responsável pelos desmandos desse país. Ou seria o processo de
escolha e definição da classe política?
Tenho consciência apenas que se não houver
radicais mudanças estruturantes e maior participação direta da população nas
decisões dos destinos de seus componentes, estaremos num caminho com um final que
não se prenuncia resultados muitos promissores.
Paulo Placido
Nenhum comentário:
Postar um comentário